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“En Ruinas” – Ilustração da premiada artista mexicana e Mestra em Artes Erika Kuhn, que generosamente cedeu sua peça para dar forma ao corpo destas vozes em reação.

"Damas de Espadas" – Relato sobre violência doméstica concedido à também escritora Nalini Narayan, abordando ainda o livro "Legítimas em Defesa - Poesia e mais vozes de Sobrevivência", lançado em 2021

As escritoras Natália Parreiras e Nalini Narayan nos bastidores da entrevista

Vídeo produzido pelo IMF -Recreio, sobre palestra realizada sobre o tema Feminicídio, com participação de Natália Parreiras

“Viver é uma experiência”.
Sobreviver também.

Todos somos sobreviventes de alguma forma, sob algum aspecto, muitos de nós muito mais do que outros.

Mas é o coincidente da alma humana que nos faz enxergar além das paredes e espelhos, que atravessa e ilumina com luz natural os caminhos mais ermos e selvagens, revelando novas trilhas onde antes tudo parecia frio e inóspito.

Essa foi a sensação que tive ao me deparar com a obra de Erika Kuhn: De alguma forma sua arte ressignificou o que era calabouço e “cala a boca” em mim e me trouxe – em imagem – a urgência da minha voz, a urgência das nossas vozes.

Legítimos em Defesa – Poemas e mais vozes de sobrevivência”, não será um livro “palatável”, tampouco parecido com qualquer das publicações que eu já tenha feito como poeta ou escritora.

Os poemas que o compõem foram todos escritos após muitos dos episódios de violência doméstica dos quais sofri, no calor e no desespero da impotência: Foram a minha reação, a minha resposta intocável, indecifrável muitas vezes.

Mas para muito além deles estarão as vozes de outras mulheres que assim como eu vivenciaram o inferno emocional e social que é estar em um relacionamento abusivo, e que se dispuseram a dar depoimentos reais para fazer coro nesta luta por mais esclarecimento e menos hipocrisia, pelo reconhecimento deste problema de saúde pública tão negligenciado e com índices assustadoramente crescentes.

Não se trata de coragem quando o que está em jogo são as vidas de milhares de mulheres que sequer conseguem nomear o que vivem. E seus filhos e filhas, e seus pais e mães: toda uma descendência de omissão cega e conformada pela urgência de apenas sobreviver.

Este livro veio para dizer aquilo que somos condicionadas a silenciar, relativizar, esconder sob mangas compridas ou sorrisos estéreis, para garantir a mesa composta no jantar e a aceitação por parte de uma sociedade que há muito nos objetifica, diminui e com aval cultural e histórico, ironicamente, nos censura sem o menor pudor.

Não se trata de nossos agressores, dos tantos fatores que desencadeiam seu comportamento predatório, mas de aceitar que nós não podemos nos permitir ser sua presa. Do tanto que ainda podemos realizar quando conseguimos dar um basta e seguir em frente, mesmo que na maioria das vezes nos pareça impossível, mesmo que sejamos rotuladas, desacreditadas, julgadas e difamadas de forma vil e cruel por nossa ousadia em quebrar o silêncio dos que fingem nada “ver” ou “ouvir”.

A força que encontramos para sobreviver ao dia-a-dia do abuso será a mesma que garantirá nossa volta por cima, a redescoberta de nossa liberdade, a construção do nosso vir a ser.

Não, jamais seremos as mesmas, mas podemos ser ainda melhores, fazer da dor a reinvenção de nossos limites, podemos nos tornar mais conscientes e mais fortes, multiplicar esses saberes para que as gerações vindouras não cometam os mesmos erros, para que não temam o monstro da violência, mas que saibam como não alimentá-lo.

Nenhum abuso é aceitável, nenhum tipo de agressão pode ser naturalizada e se somos nós as responsáveis por boa parte da educação de nossas crianças, precisamos começar a fazer a diferença agora, combatendo no detalhe dos gestos, educando o olhar para o reconhecimento de nossas próprias repetições.

Este livro é só mais um passo, mas os nossos pés, juntos – estou certa – serão muitos e deixarão suas marcas para o nosso pretenso futuro.

Para assistir a entrevista que concedi para a também escritora Nalini Narayan sobre a minha história, acesse o vídeo ao lado ou clique aqui.

 

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