Lamúrias de um poeta sem ideias
Oh, saudade qual sinto dos tempos versados meus
Onde, sentado no chão imundo,
Me havia de ler um livro
E, pertencendo, feliz, a tal mundo,
Escrevia uma poesia sobre os encantos seus
E dava graças a Deus e a Apolo por haver, como poeta,
Nascido.
Oh, tempo que vai e já não mais volta
Ai de mim, que tristeza, que tristeza!
Tempos que passam num segundo, na memória
Mas mantém-se encravados em meu peito, com presteza.
Oh, que saudade d'onde me sentava, no chão sujo
Mas agora, de imundície e sujeira, basta-se meu ser
Cuja natureza tornara-se imunda e o coração escuro
Cuja poesia, outrora multicolor,
Renascera cinza tal qual transformou-se o viver.
Ao Diabo, que a tanto me aporrinha:
Saiba que vencera, oh, Inimigo
Pois não me deixara nada além da carne fria
Já que Minh’alma abandonou qual corpo vivo.
Mas, acalma-te, não tarda:
Chegará o dia, Satã maldito
Em que a poesia, retornada,
Voltará a ser boa comigo.
(Crédito da imagem: Wallace Chuck)