O rei dos desesperados
As trevas surgiram
E eles fugiram
Ou pelo menos, tentaram
Mas ele não.
Ele ficou, imóvel e ileso
Preso
Pelo medo
Contra sua vontade.
Oh majestade, nos ajude, ou vamos todos sofrer
E sofriam, gritavam e choravam
Sentia medo, dor e desespero
Nada mais, poderia ser feito.
Mas tem um jeito, disse o rei
Entreguem vossos corações a mim, disse o rei
E assim foi feito.
Corações numa bandeja
Em sua mesa
Eram devorados, um a um.
A sobrecarga de sentimentos tomou conta
Seus olhos se encheram de lágrimas
Lástimas.
Não devorou o coração, mas sim a essência
Algo fundamental
Para um plano banal.
E num grito infernal
Um ser mortal
Superou todo o mal.
Mas a que custo?
O poder, através da dor
A raiva, através dos sentimentos
O remorso agonizante, através da culpa
A perda, através do amor.
O rei se tornou um poço, o poço da pior ignorância que já existiu, seu reino, o devorou por inteiro, de pedaço a pedaço, em seu interior.
Absorveu dor, pavor e desespero
Amor, ódio e ganância
A banalização do mal, se tornou normal
Para aquela pobre alma mortal.
(Crédito da imagem: Marko Vulevic)