A dor do que não é dito
Corrói na alma
A gritante necessidade de falar
Se choca com o medo de não ser ouvido
Ou pior
De não ser compreendido
As tentativas de fala
Voam com o vento
E com ele somem
E as palavras continuam não ditas
Sentimentos irreais
Que parecem a mais pura verdade quando sentidos
Pulsantes e latentes
Aguardando a hora de serem libertados
Mas sua boca se cala
Como sua boca se calou
E as palavras guardou
Lágrimas ácidas se derramaram
Machucando a pele do rosto
Fazendo questão de lembrar
A dor que é
Não falar
Sufocada
Se sente enforcada
Por mãos que não consegue ver
Mas sabe de quem são
Tente outra vez
Expurgue esse veneno
Que já corre no seu sangue
Mas é em vão
Sinto-me alucinada
Tudo isso seria ilusão?
Esses sentimentos corrosivos
Que estão prestes a explodir de mim
É tudo imaginação?