Aventura
Admiro a paisagem das Costas Alvas
Vista privilegiada
Desço o Morro do Trapézio
Escorrego o Esternocleidomasteoideo
Faço carícias caminhadas na ponta dos dedos
Vagueio no escuro pelo Vale Esterno
Brinco no topo das Colinas de Vênus
Pelas Cordilheiras Costelas faço trilhas de beijos
E por trilhas de beijos
Subo e desço do Monte Ventre
Até chegar à Descida Virilha
Passeio pela Península Pernas
Antes de adentrar ao Altar de Oxum
Desde pequeno sonhava em aventuras
Lia livros, fazia pesquisas
As descobertas, perigos, mistérios
Com charlatões e capitanos
Aprendi a separar a mentira do sério
Que não há duas paisagens iguais
Nem há beleza definitiva
Deve-se respeitar a Mãe Natureza
Que enche minha existência com vida
Deve-se sempre retribuir
Seus Deleites em Forma de Frutos
Conhecer o correr do desejo
Pagar os devidos tributos
Muitos aventureiros apenas querem
Machucar a terra fincando bandeiras
Demarcar territórios e tomar posse
De frágeis e fortes cordilheiras
E outros ainda pensam que podem
Essas cordilheiras dominar
Se estudarem e praticarem
Pros fluxos do desejo controlar
Mal sabem, jovens tolos
Que não há duas paisagens iguais
Não saberão de todos os segredos
Por mais que ouçam os seus sinais
Por isso voo sobre uma paisagem
A qual atentamente ouvi antes de visitar
Os sons naturais que me convidavam
Para conhecer mais e me aproximar
Me curvei, pedi licença
Explorei, os tributos paguei
E sobrevoei depois que terminei
A paisagem admirei mais uma vez
Na bochecha pousei e observei
O fundo Lago do Olhar
Mergulhei pela Fossa Púpila
Nadei pelo Abismo da Alma
Às cegas, vi medos e maravilhas
Voltei à superfície sem fôlego
Pois nem tudo compreendia
Mas me esforçava, ao menos admirava
E depois de tudo, voltava
Para me aconchegar a salvo
Em teus lábios, doces lábios.
Imagem: Google