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DESTAQUES

Poema ensaio sobre o cacto em 195 linhas

Introdução


O cacto

É essencialmente

Um ser vivo


Para ser mais específico

O cacto

É um vegetal


Para ser ainda mais específico

O cacto

É uma planta


Capítulo 1: O Cacto


Planta que porta espinhos

Espinhos que o protegem de ameaças

E que são na verdade

Folhas modificadas

Ao longo de anos de adaptação

Herdados de seus ancestrais


Folhas possuem em geral

Duas funções:

- realizar fotossíntese

- realizar transpiração


O cacto no entanto

Fotossintetiza

E transpira

Mediante seu caule


Mas raramente transpira

Pois vive em ambientes

Extremamente quentes

e áridos

Nos quais não seria conveniente

Para um cacto

Perder muita água


Água é essencial

Para que um ser vivo

Seja um ser vivo


Capítulo 2: O Humano


O cacto é por vezes

Admirado por um animal

O humano

Que admira o cacto

Por suas cores

E por ser um ser vivo

Assim como o admirador


2.1 - As Cores


O olho humano

Capta a luz

Emitida pelo Sol

Refletida pelo cacto


As cores do cacto

São entendidas

Pelo encéfalo humano


O encéfalo humano

Entende que

As cores do cacto

Criam um belo contraste

Com as cores do ambiente

No qual o humano

Espera encontrar

O cacto


Esse ambiente é imaginado

Pelo humano

Como sendo um deserto

Extremamente quente

E árido e formado por

Areia ou rochas sedimentares

De solo infértil

Sem cor nem vida


O deserto mais conhecido

Pelo humano

É chamado de Saara


Saara

Significa deserto

Em árabe


2.2 - A Insistência


O Saara é formado

Em sua maioria

Por areia bege

É extremamente quente

E árido e cujo solo

É extremamente pouco fértil


O cacto barril

Pode ser encontrado

No coração do Saara

A quilômetros de distância

De qualquer forma de vida

Visível a olho nu


Essa é uma expressão usada

Pelo humano

Para definir tudo aquilo

Que pode ser captado

Por um olho

Em boas condições


E desertos não possuem

Sistemas cardiovasculares

Pois essa também

É uma expressão


O cacto que jaz

No coração de um deserto

É para o humano

Um sinal de como o cacto

Insiste em ser vivo

Num lugar tão pouco

Propício para a vida


Capítulo 3: Antítese


Ao contrário da expectativa

Do humano

A maioria dos cactos

Não são como o cacto barril


Cacto tende a viver

Em ambientes quentes e áridos

Mas bem menos quentes e áridos

E bem mais férteis

Do que o Saara


Um cacto não surge do nada

Sua semente precisa

De condições propícias

Para que um dia ela seja um cacto


Um exemplo de ambiente

Que fornece essas condições

É a caatinga

De solo pedregoso e raso

De pedras de todas as cores

Mas relativamente fértil

E com água suficiente

E temperatura adequada

Para conter uma vasta

Variedade de fauna e flora


Dentre essa vasta flora

Há o cacto

Que existe ali

Pois a caatinga

O dá condições

De ser vivo


Até o cacto barril

Se nutre dos poucos

Nutrientes do solo

E bebe da chuva e dos lençóis

Que correm sob as dunas do Saara

E lá ele vive isolado

Onde nenhum herbívoro

Pode ameaçá-lo


O cacto teve

De se adaptar

Afinal a outra opção

Era não ser um ser vivo


Capítulo 4: Conclusão Lírica


Assim como é o cacto

É também o poeta

O poeta é um ser vivo

Que jaz na natureza

Que a ele oprime

E nutre


Se o ambiente o oprime

O poeta se adapta

Mediante os erros e acertos

De seus ancestrais

Usa aquilo que a natureza dá

Para converter-se

Em vida


Vida que expõe

Sem fazer questão de expor

Pois a arte é para si

Como água

Essencial para que seja

Água essa que apenas

Aluga da natureza


Alguns poetas

Compartilham sua água

Na forma de frutos

E reproduzem através deles

A sua espécie


Alguns poetas

Guardam a água para si

E se outros a quiserem

Terão de esperar


Pois o cacto barril

Só compartilha sua água

Após ser ferido

E não for mais um ser vivo


Quando estiveram diante

Das Pinturas Negras

Essas que permitiam

O Goya fosse Goya

Goya já havia deixado

De ser


O poeta jaz na natureza

Que é arrancada pelo humano

Esse lobo que não permite

Que poeta seja

Um ser vivo

E um poeta


Nenhum poeta é eterno

Nenhum cacto é eterno

Nenhum humano é eterno

Pois o sol esquenta

A terra estérea

Ela pega de volta

O que um dia foi seu


O tempo não espera

E tudo um dia

Deixará de ser

Tudo


Por isso Sr. Poeta

Se proteja do lobo

Lembra dos ancestrais

Se adapte

Respeita a natureza

Aproveita o que ela lhe dá

E se puder dê frutos

Reproduza sua espécie


E acima de tudo

Carpe Diem


Carpe Diem


(Crédito da imagem: Xapuri Socioambiental)

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