sem título
ando pensando muito em afeto. acho que porque tudo me afeta. acho que porque nada me afeta mais tanto.
o tempo é de distâncias e as distâncias padronizam. em lonjuras tudo se parece, até as mensagens de querer bem. mas o massivo da linha de produção de carinho não é o da massa de bolo que preenche a tarde. é o do que nada encosta, porque tudo é igual.
não, não funciona, porque o afeto é uma matéria artesanal.
carece composição manufaturada, demorada e curtida.
afeto é coisa que a gente faz em várias noites, costuras, feijão de molho, escolha de palavras. presente feito a mão com a cara da pessoa, piadas direcionadas,
carece agora, mais que nunca e como sempre, tudo que coloque tempo e carinho, tudo que tenha nome, tudo que faça ter rosto.
tudo de delicado. tudo de demorado.
pintar um grão de arroz como quem reza.
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