Vilã de seu próprio eu
Já haviam se passado quase duas horas quando a menina, deitada em sua cama cor-de-rosa, pôs-se a admirar seu escuro teto. Não conseguia dormir. A angústia do viver a fazia refletir cada vez mais profundamente acerca do objetivo de respirar.
Todos os dias vestia a máscara da perfeição, olhavam-na e diziam como era bonita, sorridente, íntegra. Mas, em seu secreto, sentia-se como vilã de sua própria história, pois fazia de si mesma uma imagem mentirosa.
Pensara em se rebelar contra o mundo e se sentir-se finalmente confortável em sua própria pele. Porém, as críticas e os julgamentos a impediam de dar tal passo. Via-se presa em meio a uma guerra contra si mesma, sem ter para onde fugir.
Não havia no mundo uma alma sequer que a conhecesse realmente. Tudo que conseguiam enxergar era a imensa máscara que a cobria da cabeça aos pés. Acessório o qual havia sido, por anos, fomentado pela cruel sociedade que a rodeava. Poderia um dia, enfim, ser livre para sua autenticidade? Ou seria, até seus últimos dias, refém do querer popular?
Essa foi mais uma noite de sono perdida. Seu despertador tocou e ela, vagarosamente, levantou-se de sua cama, pondo-se a olhar por sua pequena janela a paisagem que cercava sua moradia. Sonhava em ser livre como o belo pássaro azul que a pouco pousara suavemente sobre seu peitoril, mas cada vez que pensava em finalmente se libertar, um aperto em seu peito surgia, fazendo-a, rapidamente, retornar ao seu "normal".
Voltando-se para o espelho e olhando profundamente em seus lindos olhos, mais uma vez, pôs sua máscara, estando pronta, assim, para mais um dia satisfazendo o desejo de sua maior inimiga: seu próprio eu.
(Crédito da imagem: Enrique Meseguer/Pixabay)
#PraCegoVer #PraTodosVerem Ilustração. O fundo reproduz um livro com aparência antiga, página amarelada, desgastada pelo tempo. No topo da página há uma foto do rosto de uma menina loira que está em um ambiente interno como uma catedral. Na frente do ombro direito da menina há uma máscara meia face na cor branca. Abaixo da imagem está o texto, escrito em letra preta. Moldura traz na lateral uma faixa vertical verde água com o símbolo da SPN. A seguir, nome e foto de rosto de Josh Hélter. Ele é negro, tem os olhos castanhos, cabelo crespo preto e curto. Josh veste uma camiseta preta e está com a mão esquerda segurando parte do cabelo e apoiada na lateral esquerda da cabeça. Foto no terceiro slide. O fundo lembra o interior de uma catedral gótica. No centro há uma menina loira, com o cabelo loiro platinado dividido ao meio, com madeixas longas um pouco abaixo do ombro. Ela tem os olhos verdes, a pele branca e a boca rosada, veste uma roupa preta que cobre os ombros. Na frente do ombro direito dela há uma máscara meia face estilo capitano na cor branca. Fim da descrição. (Legenda acessível por Bia Palumbo)
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